Atuação de enfermeiros vai além dos hospitais
Mais do que tratar doenças, o enfermeiro atua na prevenção e manutenção da saúde humana. Munido de conhecimento técnico-científico, o profissional trabalha com a finalidade de promover a vida, seja na assistência direta ou indireta à pessoa e à sociedade, exercendo a solidariedade. Para seguir a profissão, gostar de se relacionar com pessoas, ser comunicativo, ter bom senso, capacidade administrativa e saber trabalhar em grupo é fundamental.
É assim que a enfermeira Irmã Elvira Maria Perides Lawand define a função. “O enfermeiro lidera e coordena todo o trabalho da equipe, formada por técnicos e auxiliares de enfermagem”, explica ela, que também é coordenadora do centro cirúrgico da Irmandade Santa Casa de Londrina e diretora do Centro de Educação Profissional Mater Ter Admirabilis.
Há mais de 20 anos na Santa Casa, Irmã Elvira descreve a profissão como nobre, sublime e digna. “Nosso papel é orientar, educar. Podemos contribuir muito com a sociedade.”
A enfermeira, professora e coordenadora do curso de enfermagem da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Maria Helena Dantas de Menezes Guariente, conta que desde o primeiro ano da graduação, os estudantes já realizam atividades nos serviços de saúde. “O curso, que é integral, aproxima teoria e prática e os alunos conhecem a rotina desde a atenção básica aos hospitais, como também na comunidade, creches e escolas.” No quarto e último ano da faculdade, os alunos passam pelo internato de enfermagem, no qual exercitam a profissão com acompanhamento de um enfermeiro e supervisão de um professor.
Maria Helena afirma que a profissão deixou de ser exclusividade das mulheres e cada vez mais homens procuram o curso. Em Londrina, cinco instituições oferecem graduação na área e, segundo a coordenadora, o campo de trabalho já começa a ficar saturado na cidade. “Mas para quem gosta de se aventurar, vai encontrar emprego fácil em outras regiões do Brasil”, assegura.
A enfermeira, professora da UEL e doutora em Comunicação em Enfermagem pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, Lígia Fahl Fonseca, afirma que as possibilidades de ganho são crescentes em razão da expansão dos campos de trabalho. Ela realizou um estudo no qual apontou a atuação do enfermeiro em sete diferentes áreas: gestão, empresarial, clínica e ambulatório, hospitalar, saúde coletiva, áreas em expansão e educação. “Consegui listar 89 diferentes funções dentro destas áreas, mas o número é muito maior.”
Além dos vários cursos de especialização, existem programas de mestrado, doutorado e pós-doutorado em enfermagem. A UEL oferece residência remunerada com dois anos de duração. Em agosto, a universidade inicia o primeiro mestrado na área em Londrina. O processo seletivo começa esta semana.
Respeito ao ser humano
Estudante do quarto ano de enfermagem da UEL, Laís da Silva Lima, 20 anos, não conhecia muito sobre a profissão quando foi aprovada no vestibular. “Fiz a escolha certa, estou adorando o curso”, comemora. Quando terminar a faculdade, Laís pretende fazer residência ou inscrever-se em um curso de pós-graduação em saúde da criança. “Me apaixonei por esta área.” Para ela, além de fundamentos científicos para cuidar dos pacientes, o profissional precisa ter sensibilidade. “É preciso respeitar o ser humano, sua história, crença, família”, observa.
Brasil tem déficit de enfermeiros
Londrinense formada pela UEL, a presidente da Associação Brasileira de Enfermagem (Aben), Maria Goretti David Lopes, afirma que existe um grande déficit de enfermeiros graduados no Brasil. “A OMS [Organização Mundial da Saúde] defende dois enfermeiros para cada médico. Hoje, temos cerca de 500 mil médicos e apenas 200 mil enfermeiros no País”.
Entre as mais recentes conquistas da enfermagem, segundo ela, está a implantação dos currículos integrados nas universidades. “Conquistamos uma carga horária mínima de quatro horas integralizadas para garantir qualidade de formação dos profissionais”, disse a enfermeira.
Maria Goretti cita outra conquista importante para a categoria profissional. “Já está pronto para ser votado em plenário o projeto que regulamenta a jornada de trabalho do enfermeiro em 30 horas semanais”. Outra proposta, para estabelecer um piso salarial para a categoria, já passou por uma comissão, mas a previsão é que seja aprovada só em 2011. “Os valores dos salários são em torno de R$ 4,7 para enfermeiros, 70% desse total para técnicos e 50% para auxiliares de enfermagem.”
Fonte: Reproduzido do: "Jornal de Londrina" Gazeta do Povo